Em 1652, o Padre António Vieira pregava na Igreja da Misericórdia, que servia de Catedral e escrevia ao Príncipe D. Teodósio: «todas estas ilhas estão em extrema necessidade espiritual, porque não há religiosos de nenhuma religião que as cultivem e os párocos são mui poucos e mui pouco zelosos, sendo o natural da gente o mais disposto que há entre todas as nações das novas conquistas, para se imprimir neles tudo o que lhes ensinarem.
São todos pretos, mas somente neste acidente se distinguem dos europeus. Há aqui clérigos tão negros como azeviche, mas tão compostos, tão doutos, tão grandes músicos, tão discretos e bem morigerados, que podem fazer inveja aos que lá vemos, nas nossas catedrais».
Porém o mesmo Padre Vieira exortava os Cónegos a largarem a Catedral para se dedicarem à evangelização nas ilhas, o que deixa pressupor um certo espírito de instalação e inactividade nos membros do Cabido e nos outros sacerdotes.
A visita e a carta do famoso Orador tiveram consequências frutuosas: vieram para Cabo Verde os Capuchos da Província da Piedade, em 1656, e da Soledade em 1674.
A. António Lopes